Já passei da metade do meu intercâmbio e ainda não coloquei nada novo por aqui.
Algumas coisas me deixaram bem ocupado desde o começo do ano. Já não lembro mais o que eu fiz antes do natal, então começamos por ele.
Passei o meu primeiro natal longe da minha família, mas conheci as tradições bolivianas para o natal na casa de uma amiga. Descobri que comida apimentada fica ainda mais forte no natal, onde eles comem um prato que só se faz no natal.
Passei as férias de ano novo em uma cidade nos Yungas, um dos lugares mais lindos que já vi, com montanhas gigantescas, com a estrada mais perigosa do planeta (mas com paisagens inacreditáveis) e eu fiz a façanha de perder todas as fotos que tirei por mais de uma semana.
Logo no dia primeiro minha mãe e minha tia chegaram em Cochabamba, em pleno gasolinaço, sem ônibus e sem saber como chegar em La Paz. Nessas horas os contatos da AIESEC faz muita diferença, uma amiga que estava por lá conseguiu colocar as duas em um avião para La Paz e logo passamos 10 dias passeando por Copacabana e lugares turísticos de La Paz. Eu fiz a façanha de perder a câmera da minha mãe com todas as fotos da visita a igreja de São Francisco. Decidi abandonar a fotografia por um tempo. Nesse meio tempo enfrentei uma gripe em plena Copacabana e outra infecção de estômago (apenas a segunda das 3 que já tive aqui).
Poucos dias depois meu irmão e seu amigo chegaram para passar uns dias e logo se foram a Peru. Duas semanas depois eles estavam de volta com histórias alucinantes de Machu Picchu e Cuzco.
Com mais alguns problemas pessoais no começo do ano, eu passei alguns dias muito deprimido sem saber se eu estava certo de continuar aqui. Eu sentia que já tinha feito tudo que poderia fazer por aqui, mas tinha muito mais que queria fazer mas não sabia direito como. As visitas da minha mãe e do meu irmão tanto ajudaram quanto pioraram. Por um lado eu matei uma boa parte das saudades do Brasil, por outro eu fiquei ainda mais chateado de estar tão longe da minha família e dos meus amigos.
Mas eu já tinha uma coisa na cabeça, que não importa o que passa por aqui, eu devo enfrentar os problemas e terminar o que eu me comprometi a fazer.
Desde então muita coisa melhorou e estou conseguindo atingir alguns objetivos que coloquei para o restante da minha estadia aqui.
E descobri que ser o único intercambista daqui é muito chato. Outro brasileiro passou 5 semanas aqui fazendo intercâmbio e apesar de eu só conhecer ele nas 2 últimas semanas, foi muito legal ter outro intercambista tanto para sair quanto para falar português. Apesar de algumas amigas ficarem chocadas quando eu esquecia que os palavrões são parecidos em espanhol. No final, falar em gíria ajudava muito (dica do meu irmão).
Hoje em dia estou bem feliz com o que estou fazendo por aqui. No meu trabalho estou usando mais do meu conhecimento com algumas tarefas mais desafiadoras.
Estou saindo mais e aproveitando mais de La Paz (um dos meus objetivos do inicio de ano).
Claro que sempre há altos e baixos, ainda mais por aqui é inevitável. Estou muito cansado de alguns aspectos da cultura daqui. Por exemplo, o jeitinho brasileiro aqui é multiplicado por 10. Tudo é feito bem devagar, o que pode ser feito amanha vai ser feito semana que vem. Muitas vezes as decisões são feitas sem pensar em nada e isso não só no trabalho, é no dia a dia, nas pequenas e grandes decisões. O desrespeito a horários é uma das poucas leis daqui, ninguém chega menos que meia hora atrasado a qualquer tipo de compromisso.
Para mim a Bolívia parece um país que está uns 30 anos atrasado em relação ao Brasil, desde a infraestrutura e tecnologia até a sociedade ultra-conservadora.
Apesar de tudo isso ou até por causa de algumas dessas coisas, vou sempre levar a Bolívia no meu coração e nunca vou esquecer algumas das amizades que fiz por aqui. Que venham os próximos 4 meses 🙂